"Eu não teria conseguido me aposentar lá": Estes americanos que se beneficiam da previdência social gratuita

Será que a França em breve se tornará menos generosa com os aposentados americanos? É certamente o que François Gernigon, membro do partido Horizontes, gostaria, ao apresentar uma emenda ao projeto de lei de financiamento da Previdência Social que está sendo debatido na Assembleia Nacional.
O foco está nos aposentados americanos que se estabelecem na França e se beneficiam da cobertura universal de saúde . Esse sistema lhes permite ter seguro saúde gratuito, uma situação inconcebível em seu país de origem, e que atrai cada vez mais pessoas nessa condição.
Convidado pela RMC nesta sexta-feira de manhã, o deputado responsável pela emenda, François Gernignon, esclareceu que a medida não se aplica apenas a cidadãos americanos.
“É direcionado a cidadãos americanos, mas também a todos os estrangeiros de fora da comunidade europeia. A condição é ter permanecido na França por no mínimo três meses, ter um visto de longa duração por pelo menos seis meses, possuir uma renda mínima e ter cobertura de seguro social privado ao chegar à França”, explica ele.

Ele foi alertado por um cidadão francês de sua circunscrição que havia morado nos Estados Unidos e cujos amigos se mudaram para a França. “A França é um bom país. Temos paisagens belíssimas, queijos deliciosos, vinhos excelentes e temos a Previdência Social. Minha emenda propõe uma contribuição mínima obrigatória a ser definida por decreto. Só tomei conhecimento dessa situação há algumas semanas, alguns dias, então apresentei esta emenda com certa pressa para, pelo menos, trazer o assunto à tona e afirmar que é necessária uma contribuição mínima. E os envolvidos, além disso, concordam plenamente”, enfatizou.
O encanto das Calanques, o sol ameno no Porto Velho e, claro, o cartão do seguro de saúde. Chiara vive feliz em Marselha há um ano, longe das preocupações de sua terra natal, Connecticut.
“Como eu poderia me aposentar lá sem saber quanto teria que pagar? Tenho uma doença crônica, preciso ir ao médico, fazer exames regulares. Nos Estados Unidos, ninguém pode pagar por isso, exceto quem mora em Beverly Hills”, acredita ela.
De posse do visto de longa duração, a mulher de sessenta e poucos anos beneficia automaticamente da segurança social. Ela só paga pelo seu seguro de saúde complementar, que custa cerca de cem euros por mês, afirma. "Essa é uma das razões pelas quais vou ficar aqui", declara.
Tudo isso sem pagar nenhuma contribuição e em virtude de um tratado entre seu país de origem e a França. Além disso, eles são isentos do imposto de renda. "E sim: é um absurdo", admite Janice.
“A maioria dos americanos entende a injustiça. Eles gostariam de participar, mas é o sistema que nos impede”, ela destaca.
A mulher, que se estabeleceu em Mougins, nos Alpes Marítimos, há nove anos, diz que agora está pronta para demonstrar, com ações concretas, o seu compromisso com o país que a acolheu e com o país que ama.
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